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'''Documento em construção. Elaboração de uma carta escrita pelos participantes do WNBR relatando o evento e as impressões'''
 
'''Documento em construção. Elaboração de uma carta escrita pelos participantes do WNBR relatando o evento e as impressões'''
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A World Naked Bike Ride de São Paulo 2008 foi a primeira edição do evento realizada no Brasil. Nos mesmos moldes do resto do mundo, o lema era pela diminuição da exposição indecente à poluição dos carros. Frágeis diante das poderosas máquinas motorizadas o ciclista não conta com proteção extra além da própria pele.
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Cada ciclista poderia pedalar da maneira como se sentisse mais confortável, a nudez nunca foi uma imposição nem uma obrigatoriedade. No entanto, a expectativa gerada durante a semana levou a Praça do Ciclista um número enorme de curiosos. Além de policiais e a imprensa.
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Muitos estavam lá para pedalar, mas os que não estavam queriam ver a nudez prometida. Especialmente a nudez feminina. Foi Renata Falzoni, ciclista de longa data e avó quem ousou primeiro, logo na largada da pedalada ficou completamente nua. Apenas desenhos no corpo e tinta vermelha entre as pernas.
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A medida que os ciclistas se distanciavam da praça e dos curiosos pedestres, outros tomavam coragem de expor mais seus corpos. Seguindo o lema naturista, era uma celebração do corpo não sexualizada, muito diferente da exposição sexual tão comum na televisão. O comandante da polícia militar presente deixou claro a quem ele pensou ser o organizador que o nu frontal não seria tolerado, somente corpos pintados como no Carnaval. André Pasqualini acabou sendo escolhido como o "Bode Expiatório" e foi levado nu para a Delegacia.
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Com a prisão de um dos seus participantes, a massa perdeu um pouco em alegria e os pelados cobriram ao menos suas genitálias e seguiram rumo ao 78º DP na rua Estados Unidos. A festa continuou alegre e os gritos de "Ô seu delegado, libera o pelado" ecoaram. Confirmado o participante preso iria ser liberado, a massa, que continuava volumosa seguiu de volta a praça do Ciclista. Cruzou a Oscar Freire e subiu a rua Augusta em ritmo de festa e humanizando o engarrafamento de quem descia num coro de "Não fique aí parado, vem pedalar pelado".
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A população nas ruas de São Paulo saudou a massa em festa durante todo o trajeto. A cidade e a avenida Paulista, acostumados com a gigantesca parada do Orgulho GLBT sentiram a alegria de ver o desfile das bicicletas e seus ciclistas nus e semi-nus.
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Que a festa seja ainda maior em 2009.
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Assinado,
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Participantes da I Pedalada Pelada de São Paulo 2008 (World Naked Bike Ride Sao Paulo 2008)
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Revision as of 20:40, 16 June 2008

Documento em construção. Elaboração de uma carta escrita pelos participantes do WNBR relatando o evento e as impressões

A World Naked Bike Ride de São Paulo 2008 foi a primeira edição do evento realizada no Brasil. Nos mesmos moldes do resto do mundo, o lema era pela diminuição da exposição indecente à poluição dos carros. Frágeis diante das poderosas máquinas motorizadas o ciclista não conta com proteção extra além da própria pele.

Cada ciclista poderia pedalar da maneira como se sentisse mais confortável, a nudez nunca foi uma imposição nem uma obrigatoriedade. No entanto, a expectativa gerada durante a semana levou a Praça do Ciclista um número enorme de curiosos. Além de policiais e a imprensa.

Muitos estavam lá para pedalar, mas os que não estavam queriam ver a nudez prometida. Especialmente a nudez feminina. Foi Renata Falzoni, ciclista de longa data e avó quem ousou primeiro, logo na largada da pedalada ficou completamente nua. Apenas desenhos no corpo e tinta vermelha entre as pernas.

A medida que os ciclistas se distanciavam da praça e dos curiosos pedestres, outros tomavam coragem de expor mais seus corpos. Seguindo o lema naturista, era uma celebração do corpo não sexualizada, muito diferente da exposição sexual tão comum na televisão. O comandante da polícia militar presente deixou claro a quem ele pensou ser o organizador que o nu frontal não seria tolerado, somente corpos pintados como no Carnaval. André Pasqualini acabou sendo escolhido como o "Bode Expiatório" e foi levado nu para a Delegacia.

Com a prisão de um dos seus participantes, a massa perdeu um pouco em alegria e os pelados cobriram ao menos suas genitálias e seguiram rumo ao 78º DP na rua Estados Unidos. A festa continuou alegre e os gritos de "Ô seu delegado, libera o pelado" ecoaram. Confirmado o participante preso iria ser liberado, a massa, que continuava volumosa seguiu de volta a praça do Ciclista. Cruzou a Oscar Freire e subiu a rua Augusta em ritmo de festa e humanizando o engarrafamento de quem descia num coro de "Não fique aí parado, vem pedalar pelado".

A população nas ruas de São Paulo saudou a massa em festa durante todo o trajeto. A cidade e a avenida Paulista, acostumados com a gigantesca parada do Orgulho GLBT sentiram a alegria de ver o desfile das bicicletas e seus ciclistas nus e semi-nus.

Que a festa seja ainda maior em 2009.

Assinado,

Participantes da I Pedalada Pelada de São Paulo 2008 (World Naked Bike Ride Sao Paulo 2008)


Sugestões da Mari enviadas para a lista da Bicicletada:

  • nossos objetivos com a ação, nossas queixas como ciclistas;
  • sobre a descriminalização da nudez, o direito à liberdade de expressão e à nudez não sexualizada e/ou comercializada;
  • sobre as experiências wnbr em outros países (menos moralistas e hipócritas);
  • sobre o comportamento inadequado e agressivo da mídia (principalmente sobre as mulheres, que foram bastante assediadas);
  • sobre o comportamento adequado e respeitoso dos participantes em relação a nudez uns dos outros (isso foi lindo!);
  • sobre as reações positivas das pessoas nas ruas;
  • que não temos líderes, heróis ou fronteiras;
  • sobre a atuação violenta da polícia e a tática de nos neutralizar prendendo "nosso líder";
  • número "real" de participantes (muitos nus!);